Andávamos há 2 ou 3 anos a pensar em fazer a "Ruta de los
Tuneles", um troço da via ferroviária que ligava Salamanca à Linha do Douro em Portugal, mas por esta ou aquela razão ainda não se tinha proporcionado a ocasião.
O troço escolhido para a caminhada liga La Fregeneda, em Espanha, a Barca d'Alva, em Portugal, e tem cerca de 17 quilómetros.
O feriado de sexta-feira (Dia de Portugal) veio permitir a realização desta actividade.
De Aveiro, pelo início da tarde, partiram o Cardoso, o Francisco, o Tiago, a Sara e o Amaral. O grupo ficou completo já na Pousada da Juventude em Foz Côa onde nos juntámos à Sílvia, à Carla e ao Pina Jorge.
Depois de tratarmos do alojamento fomos a pé até ao centro de Foz Côa onde metemos a conversa em dia na companhia de umas cervejitas no Café
Baltazar.
Para nossa surpresa o Zé Figueiredo que, apesar de
não vir realizar a actividade, resolveu passar o fim de
semana na zona.
Por sugestão de um casal que se encontrava no café fomos jantar ao
Restaurante Abade em Junqueira. Em boa hora aceitámos a sugestão porque a posta mirandesa estava magnífica
e o preço foi bastante simpático.
Pelas 7,30 h de sábado, foi tomado o pequeno-almoço e lá
partimos para Barca d’Alva onde deixámos um dos carros junto
ao cais, onde se encontravam diversos barcos-hotel ancorados. Daqueles que fazem a descida e subida do Rio Douro para fins turísticos.
Os outros 2 carros serviram para nos deslocarmos para Espanha. Encontrar a estação de La Fregeneda não foi fácil, apesar de termos as
coordenadas no GPS. A ajuda de um habitante local foi fundamental, pois não existe
nenhuma indicação na estrada.
Chegados a La Fregeneda iniciámos então o percurso pela via férrea em direcção a
Portugal.
Logo a seguir surge um pequeno pontão com passadeiras
transitáveis.
O percurso continua e surge o túnel 2, este curto e sem oferecer grande dificuldade.
O túnel 3, comprido e escuro por ser em curva, encontra-se habitado por morcegos. Bem cedo se ouviu o chiar dos ditos, eventualmente incomodados com
a luz dos frontais.
Todos
passaram no teste mas uns mais confortáveis do que outros.
No fundo do vale, à nossa esquerda, corria o Rio Águeda, que
delimita a fronteira com Portugal. A paisagem é deslumbrante.
Mais calafrios na passagem sobre a viga metálica, uma vez que o passadiço em madeira está em franco mau estado.
Surgem depois os túneis 5 e 6 continuando a linha a acompanhar o Rio Águeda que corre lá bem abaixo com cenários realmente espectaculares.
Houve quem escolhesse essa opção para viver momentos de maior intensidade emocional. Saltar no vazio, com cerca de um metro de distância entre as duas vigas, a várias
dezenas de metros de altura, é realmente desaconselhável a quem sofrer de
vertigens.
Pelo caminho fomos atravessando mais uns túneis, do 8 ao 11, e encontrando outros montanhistas que faziam a mesma rota em sentido contrário.
Após o túnel 12 eis que surge a Ponte Arroyo del Lugar, muito comprida, muito alta e bastante desafiante. Aconselha-se a passar pela viga do lado esquerdo, pois a da
direita tem alguns troços de madeira queimada que podem constituir problema
na passagem.
A malvada cabeça a trabalhar a 100 à hora, o medo a tolher-nos os movimentos e as pernas a tremer, fazendo-nos hesitar na altura de dar cada passada. Após imensa luta interior,
lá cheguei ao fim com um suspiro de alívio.
Mais uns túneis, onde aproveitávamos para nos refrescar,
pois a temperatura agora era superior a 30º C.
Após o túnel 15 surge a Ponte de los Pollos. A passadeira de madeira do lado
direito estava em bom estado, parecendo ter sido recuperada. Resolvi passar sobre ela. A maior parte dos colegas de aventura optou contudo pelo lado mais emocionante.
A Ponte de las Almas, também com o passadiço
recuperado antecede a passagem pelo túnel 19. Finalmente o túnel
20 e a ponte internacional sobre o Rio Águeda. Neste ponto o rio desagua no Rio Douro.
Os pés doridos de tanto pisar balastro e o corpo desidratado clamavam por uns minutos de descanso e por uma cervejita bem fresca. Saciámo-nos no pátio
exterior duma mercearia situada após a antiga estação de Barca d'Alva.
De referir que a estação de Barca d’Alva, donde há 3 anos atrás parti com o Calé para fazermos o troço até ao Pocinho, está agora bastante mais
degradada com sinais evidentes de vandalismo, o que é de lamentar.
Recomposto o grupo fomos recuperar os carros deixados em Valdenoguera, assim se
chama o local onde fica a estação de La Fregeneda.
No regresso dei boleia a um casalinho de escuteiros que estava a
fazer o trajecto de retorno até Barca d’Alva a pé. A jovem ergueu os
braços ao céu quando parei, tal a alegria de poupar mais 4 horas de caminho a pé sob intenso calor e ao Sol.
O final foi uma tasquinha em Celorico
Gare, conhecida pelo Amaral (quem mais?), onde umas cervejitas e umas sandes de
presunto e queijo deram o ânimo para iniciar a viagem de retorno.
Devemo-nos congratular pelo facto da actividade ter
decorrido sem problemas e agradecer a todos por mais uma bela tarde de convívio
e camaradagem.
Francisco Soares
2 comentários:
Eu vi uma foto que diz: O ultimo paga a cerveja.
Eu essa não vi. Só vi uma que dizia 'O último paga'
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