Serra da Arada - De Regoufe a Drave

22/04/2013

Linha do Sabor: Entre Carviçais e o Pocinho - Final da travessia


Neste segundo dia da aventura o objectivo era acabar de percorrer a Linha do Sabor, mas a quantidade de quilómetros ainda a percorrer prometia dificuldades na concretização de tal intenção.

Partimos de Carviçais já pela ecopista em direcção a Torre de Moncorvo.

O terreno é propício a caminhar, sem grandes dificuldades, uma vez que se encontra limpo do balastro que normalmente dificulta, e muito, o andamento.

E lá fomos caminhando, hora atrás de hora, com uma paisagem bem interessante, no que já foi, em tempos, uma via ferroviária.

A chegada à antiga Estação do Carvalhal, local onde o minério oriundo das várias minas de ferro era depois carregado e transportado pelo comboio, foi o local para um pequeno descanso e alimentação.

Pouco depois verificámos que, apesar de já termos uma dezena de km's nos pés, ainda nos encontravámos a outros tantos km's  de distância de Torre de Moncorvo. Depois ainda teríamos mais 12 km até ao Pocinho e nem sabíamos em que estado se encontrava este último troço.

A jornada prometia ser complicada.

Já com os pés em brasa chegámos à antiga Estação de Moncorvo e, após algum descanso aproveitado por alguns para massajar os pés doridos, partimos rumo ao Pocinho.

Esta parte da via está ainda em estado selvagem. O balastro, as linhas e a grande quantidade de mato passaram a ser os nossos obstáculos. O calor que se fez sentir nesta parte passou a ser outra das dificuldades que me afectou em particular.

Lá fomos caminhando sobre as pedras, contornando o mato e silvas, até à chamada Estação da Gricha, local onde, devido à subida íngreme entre o Pocinho e Torre de Moncorvo, os comboios tinham que fazer uma paragem técnica para voltar a ganhar vapor.

A chegada à estação é feita entre silvas e pedras. A existência das pedras devem-se a uma grande derrocada.

A partir daqui começou o meu calvário até ao final da jornada. O calor e o racionamento da água contribuíram para a dificuldade física que comecei a sentir. Aliando a isso as dores nos pés e tornozelos, foram uns difíceis 5 km's.

Lá me fui arrastando até à Ponte do Pocinho. Os meus companheiros, embora em melhor estado físico do que eu, também sentiam as dores de 30/32 Km de aventura.

Não arriscámos a passagem na ponte e contornámos pela barragem até à Estação do Pocinho.

Foi bem custoso o final da travessia da Linha do Sabor. Apesar disso, em todos aqueles que participaram ficam as lembranças dos bons momentos, do que vimos e do que vivemos juntos na descoberta deste património, infelizmente, abandonado.

Hoje é dia de fazer a Linha do Douro, entre Barca d'Alva e Pocinho.


1 comentários:

No geral esta travessia foi impecável. A relembrar outras aventuras noutros tempos.

Em relação à Linha do Sabor fica a beleza da paisagem e a visão de um património abandonado a relembrar o estado do país.

Inúmeros recursos desperdiçados num espaço inferior a um centenário, é algo a pensar.

Pelo menos a camaradagem, e os bons momentos vividos ao longo dos 5 dias que demorámos a percorrer os 105km's de via férrea valeram a pena.

Já apetece mais.