Neste segundo dia da aventura o objectivo era acabar de percorrer a Linha do Sabor, mas a quantidade de quilómetros ainda a percorrer prometia dificuldades na concretização de tal intenção.
Partimos de Carviçais já pela ecopista em direcção a Torre de Moncorvo.
O terreno é propício a caminhar, sem grandes dificuldades, uma vez que se encontra limpo do balastro que normalmente dificulta, e muito, o andamento.
E lá fomos caminhando, hora atrás de hora, com uma paisagem bem interessante, no que já foi, em tempos, uma via ferroviária.
A chegada à antiga Estação do Carvalhal, local onde o minério oriundo das várias minas de ferro era depois carregado e transportado pelo comboio, foi o local para um pequeno descanso e alimentação.
Pouco depois verificámos que, apesar de já termos uma dezena de km's nos pés, ainda nos encontravámos a outros tantos km's de distância de Torre de Moncorvo. Depois ainda teríamos mais 12 km até ao Pocinho e nem sabíamos em que estado se encontrava este último troço.
A jornada prometia ser complicada.
Já com os pés em brasa chegámos à antiga Estação de Moncorvo e, após algum descanso aproveitado por alguns para massajar os pés doridos, partimos rumo ao Pocinho.
Esta parte da via está ainda em estado selvagem. O balastro, as linhas e a grande quantidade de mato passaram a ser os nossos obstáculos. O calor que se fez sentir nesta parte passou a ser outra das dificuldades que me afectou em particular.
Lá fomos caminhando sobre as pedras, contornando o mato e silvas, até à chamada Estação da Gricha, local onde, devido à subida íngreme entre o Pocinho e Torre de Moncorvo, os comboios tinham que fazer uma paragem técnica para voltar a ganhar vapor.
A chegada à estação é feita entre silvas e pedras. A existência das pedras devem-se a uma grande derrocada.
A partir daqui começou o meu calvário até ao final da jornada. O calor e o racionamento da água contribuíram para a dificuldade física que comecei a sentir. Aliando a isso as dores nos pés e tornozelos, foram uns difíceis 5 km's.
Lá me fui arrastando até à Ponte do Pocinho. Os meus companheiros, embora em melhor estado físico do que eu, também sentiam as dores de 30/32 Km de aventura.
Não arriscámos a passagem na ponte e contornámos pela barragem até à Estação do Pocinho.
Foi bem custoso o final da travessia da Linha do Sabor. Apesar disso, em todos aqueles que participaram ficam as lembranças dos bons momentos, do que vimos e do que vivemos juntos na descoberta deste património, infelizmente, abandonado.
1 comentários:
No geral esta travessia foi impecável. A relembrar outras aventuras noutros tempos.
Em relação à Linha do Sabor fica a beleza da paisagem e a visão de um património abandonado a relembrar o estado do país.
Inúmeros recursos desperdiçados num espaço inferior a um centenário, é algo a pensar.
Pelo menos a camaradagem, e os bons momentos vividos ao longo dos 5 dias que demorámos a percorrer os 105km's de via férrea valeram a pena.
Já apetece mais.
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