Depois de acabarmos a travessia pela Linha do Sabor, eu e o Francisco, aproveitando o facto de estarmos na zona, decidimos percorrer a Linha do Douro no troço desactivado entre Barca d'Alva e o Pocinho.
Apesar de já ter realizado este percurso em 2010 pretendia voltar a fotografar aquela bonita zona. Aproveitei ainda o facto do Francisco não conhecer o percurso e pretender lá ir.
Seguimos do Pocinho para Barca d'Alva em táxi e iniciámos o percurso junto à antiga e abandonada estação daquela vila.
O dia estava fantástico correndo uma aragem fresca que nos iria facilitar a longa caminhada de quase 28 km. O receio estava no facto de já termos mais de 50 km nas pernas e, em especial, a dureza e as mazelas resultantes da etapa anterior na Linha do Sabor.
Ainda em Barca d'Alva pude constatar que as pontes se encontram barradas com uma viga e um sinal de trânsito proibido. Mais valia gastar o dinheiro a recuperar os passadiços, tornando este percurso mais seguro do que nestas tretas, mas enfim.
Lá fomos ultrapassando também estes novos obstáculos e caminhando ao longo da linha tendo como companhia o Rio Douro que corre preguiçosamente ao nosso lado.
O momento alto é a chegada à ponte ferroviária de Almendra, onde metade desta tem que ser transposta sobre uma das vigas metálicas, uma vez que o passadiço já não existe. É sempre um momento tenso, mais ainda para quem, como eu, não gosta muito de alturas.
Passado este desafio chega o primeiro túnel do percurso e, logo a seguir, a antiga estação de Almendra.
Continuámos o percurso calcando o balastro que vai dando cabo do corpo e da alma. O mato aumenta e as alternativas a caminhar fora do balastro diminuem, pelo que os pés e os tornozelos cada vez sofrem mais.
Chegámos e atravessámos a ponte de Castelo Melhor sem grandes problemas, uma vez que ainda tem um dos passadiços completos. Logo depois chegámos à antiga estação, também esta abandonada e em ruína.
Não fizemos grande paragem porque o objectivo era fazer os cerca de 20 km até à estação do Côa e, aí sim, fazer uma paragem mais prolongada.
Continuámos então pelo mato e balastro da linha passando, pouco depois de abandonarmos a estação, pelo segundo e último túnel deste troço abandonado. Dentro dos túneis estava fresco e sabia mesmo bem.
Apesar de serem quase 7 km conseguimos atingir a estação do Côa num bom tempo. Antes de lá chegarmos atravessámos a ponte ferroviária sobre o Rio Côa. Esta ponte também tem um passadiço completo simplificando a vida dos caminheiros na sua passagem.
Nesta fase o cansaço acumulado nestes três dias de aventura já começava a dar sinais, principalmente nos pés. Parámos um bom pedaço para comer e beber mas também para tirar as botas e massajar bem os pés.
Já havia algumas mazelas, como bolhas e esfoladelas a causar preocupação.
Lá continuámos a viagem, passando pela ponte do Canivais, última ponte do percurso, sempre pelo balastro da linha e com alguns pontos onde o mato é mais intenso. No entanto, em nenhum momento a vegetação impede a marcha durante todo o percurso.
Os últimos 2 km foram feitos já com os pés em franja e a desejar acabar a jornada.
Uma caneca de cerveja gelada no Pocinho ajudaram a animar os caminheiros e a celebrar os cerca de 80 km de linhas férreas percorridos nos últimos 3 dias.
1 comentários:
já há muito tempo que não se realizava uma actividade assim.
Três dias com 80km's de percurso a pé foi um desafio duro para quem não andava tanto, à demasiado tempo.
A realização das duas últimas etapas da Linha do Sabor e a travessia Barca d'Alva - Pocinho, na Linha do Douro, são dois momentos inesquecíveis, pelas belezas dos locais, pelo património, pela dureza dos caminhos e pelo convívio entre os participantes.
Espero que seja o retomar de velhos bons hábitos e de bons sabores de aventura.
Ideias para a próxima????
Enviar um comentário