Partimos, eu, o Vicente e o Cardoso, ontem a meio da tarde para a Serra da Freita para acampar no Parque de Campismo da Mizarela.
Quando chegámos o céu estava um bocado encoberto e o vento que se fazia sentir era forte e frio.
Optámos então por fazer uma pequena escalada junto ao Parque de Campismo.
Apenas fizemos o gosto ao dedo e regressámos ao parque para jantar.
Depois tentámos descansar um bocado no bugalow que alugámos.
De manhã preparámos as coisas e fomos até Arouca para nos encontrarmos como restantes elementos do grupo, Pina Jorge, Francisco e Amaral que trazia um amigo, o Luís, para experimentar as nossas caminhadas.
O objectivo desta aventura era fazer o trilho que liga Covelo de Paivô a Regoufe e regressar do outro lado da Ribeira de Regoufe até ao Rio Paivô e, pelo leito deste, regressar a Covelo.
A primeira parte decorreu sem qualquer problema por este belo trilho de antigas lajes, até à povoação de Regoufe. O trilho é muito paisagístico e proporciona momentos de grande beleza. O percurso está completamente marcado com a sinalética dos percursos pedestres.
O dia estava quente e quando chegámos a Regoufe ainda tentámos ir até à tasca, mas a mesma encontra-se em obras e, talvez por isso, estava fechada. Desilusão.
Agora vinha a parte de improviso que trazia a emoção do desconhecido. Passámos a Ribeira de Regoufe para o outro lado, através de umas poldras sobre um leito quase seco. Não muito depois começaram os problemas. Não foi fácil encontrar o antigo caminho que nos levaria ao Rio Paivô.
Perdemos uns bons minutos em campos lavrados de que não me lembro num passado recente, para depois, numa busca mais cuidada, descobrir o velho trilho meio escondido em ervas altas e muito pouco visível a quem não fosse com muita atenção.
Seguimos por ele, atravessando algumas zonas de tojo até o mesmo desaparecer. O rio estava lá em baixo mas o mato e a inclinação do terreno prometia dificuldades acrescidas. Seguimos a linha de cumeada mas em breve estávamos entre matos cerrados e com falésias nas proximidades.
Perdemos muito tempo na escolha do caminho, com dificuldades várias, escorregadelas, muitos picos cravados, algumas zonas perigosas para quem tivesse o azar de escorregar e muito esforço físico para conseguir ultrapassar os obstáculos. Ao fim de muito tempo percorrido, ora para um lado, ora para outro, lá conseguimos chegar ao rio junto a um velho moinho de água.
Finalmente estávamos no rio e na água. Já conhecemos o Rio Paivô de outras aventuras, mas deste ponto para a frente desconhecíamos o que nos esperava. Protegemos os equipamentos fotográficos e outros em saco estanque e, por esse motivo, esta parte não tem grande documentação fotográfica. E lá entrámos no rio.
Umas vezes dentro de água, outras pelas rochas, fomos progredindo lentamente e com muito desgaste físico, dentro do rio. Estas aventuras carecem do máximo de cuidado. As rochas são escorregadias, as botas vão molhadas e qualquer queda pode causar lesões graves, e o local não é de fácil acesso a socorro.
Por isso fomos caminhando, nadando e saltando de rocha em rocha com o máximo de atenção e cuidado, não fosse o Diabo tecê-las. A marcha era lenta mas o desgaste físico era elevado, assim como a tensão que cada um sofre ao saltar nas pedras, a "escalar" algumas rochas e a andar dentro de água sem escorregar.
Mas tudo corria bem até nos surgir uma cascata cuja transposição não se tornou muito fácil. As botas molhadas da maioria dos elementos e algum desconforto pelas alturas começaram a minar a confiança de alguns elementos.
Felizmente o nosso "alpinista" Amaral tinha um corda de 8mm, com uns 30 metros de comprimento, que nos valeu para ultrapassar o obstáculo. Perdemos muito tempo a arranjar uma solução que garantisse a segurança da descida a todos os elementos, uma vez que não havia nem arneses, oitos nem outro equipamento que teria dado jeito, mas a improvisação permitiu que todos descessem em segurança e se recuperasse a corda sem perda de material.
Ultrapassado o obstáculo continuámos a descer o Rio, entre saltos sobre as rochas e caminhada por dentro de água até encontrarmos o caminho de saída do mesmo. Foi um alívio, dado que já íamos bem cansados e com alguma apreensão, não fosse aparecer algum obstáculo mais complicado de ultrapassar.
Seguimos então esse trilho até Covelo de Paivô, local onde tínhamos os carros à espera.
Parámos depois em Moldes para beber, pois havia gente bastante desidratada, e comer uns petiscos. Saímos de lá já bem hidratados e bem cheios. Estas aventuras desgastam muito e implicam depois uma dose de sacrifício gastronómico extra para compensar.
Na próxima, porque certamente haverá próxima, já não cometeremos os mesmos erros de palmatória e consoante o tipo de aventura prevista carregaremos o material adequado.
3 comentários:
Mais uma bela aventura, com aqueles momentos de dureza, adrenalina, indecisão, pré-pânico, divertimento e sofrimento de que tanto gostamos.
A repetir mas com mais juízo... (ou não)!
Obrigado "Espirito de Aventura" pelo excelente dia que passei. O passeio foi fantástico assim como o vosso companheirismo.
Contem comigo para futuras aventuras.
Abraços para todos vós,
Luis
Ainda estou todo riscado e cansado, mas pergunto: - Para quando a próxima?
Um abraço para todos,
Pina Jorge
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